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Património Documental

A Santa Casa da Misericórdia de Barcelos possui uma das mais antigas coleções de documentos capazes de justificarem a sua “idade”, herdadas de sucessivos períodos de uma história riquíssima, e dos diversos produtores de informação, responsáveis por esta diversidade documental.

Ferreira de Almeida descreve que percorrer os poucos livros de despesas que se conservam no Arquivo da Misericórdia, é depararmos com um sem número de desprotegidos, de forasteiros e de galegos a que urgia acudir ou enterrar. Ler a sua correspondência é ficarmos com a impressão de que esta instituição era um autêntico consulado e um centro de informações, dando notícias de herdeiros e descendentes de barcelenses dispersos pelo nosso mundo de expansão e recebendo notícias das irmandades congéneres de Goa, de Malaca e de outras terras do Brasil e de Portugal. Folhear os seus livros de receitas e capitais, é ficar com a noção de que ela era o grande montepio da época, emprestando dinheiro a juros a nobres, a agricultores e até a artistas, caso de Miguel Coelho, compreendendo nós, melhor, deste modo, a intensa atividade construída em paços, igrejas e casas, desde o último quartel do século XVII aos finais do século XVIII em toda esta região.i

Resistindo ao longo destes cinco séculos, mereceu nos últimos anos uma atenção especial, fruto de três intervenções distintas, as duas primeiras, de dois abalizados historiadores portugueses, primeiro do Dr. Ramiro Romão, em 1998/1999 que criou dois índices, um com ordem cronológica e outro com uma ordem temática e, mais recentemente, do Dr. Joaquim Vinhas, em 2008, que após uma longa investigação conseguiu agregar um maior número de documentos que o índice anterior e de forma distinta procedeu à criação de um índice topográfico de todos os documentos e obras existentes. Em 2012/2013, procedeu-se ao tratamento arquivístico de toda a documentação do Arquivo Leonor, através de uma nova fundamentação teórica, científica e método de análise sólido para a descrição arquivística.

A Irmandade disponibiliza através de pedido expresso a consulta a este arquivo.

Foram criadas instalações integradas no Núcleo Museológico para receber todo o Arquivo Leonor que foi devidamente inventariado e catalogado.

No futuro, pretende-se realizar a transcrição dos documentos mais antigos e criar um arquivo digital para um acesso facilitado aos documentos.


i ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de Barcelos Editorial Presença, Lisboa, 1990, pág.19/20

Património Imóvel

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O edifício primitivoi da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos, do início do século XVIII, de amplas dimensões era constituído por dois pisos, tendo sido posteriormente acrescentado, numa das partes superiores, um novo andar, e é de salientar que na esquina voltada ao largo do Apoio, entre as ruas da Misericórdia e de São Francisco, apresenta um brasão de ângulo, com as armas reais.

O edifício primitivo foi objeto de grandes obras de remodelação entre 1713 e 1716, período entre o qual o rei autorizou a cobrança do real de água para as obras. Reedificou se então, quase totalmente, toda a parte do velho hospital e ampliaram-se muito as suas instalações para norte, ficando a ocupar todo o lado nascente da antiga rua de Santa Maria, agora dita da Misericórdiaii. O Hospital foi sofrendo sucessivas ampliações até ao século XIX, estendendo-se até ao Largo do Apoio. Destas obras, resultou o edifício atual dos Paços do Concelho.

Em 1834 a Câmara Municipal intercedeu junto ao novo governo liberal de forma a viabilizar a cedência do Convento de S. Francisco para nele se instalar o Hospital da Misericórdia. Assim, por portaria de 16 de setembro de 1836, foi cedido o edifício e "cerca" do vago Convento do Capuchos, a nascente do Campo da Feira.

A transferência concretizou-se em 1838, incluindo a trasladação dos corpos depositados na Igreja junto aos Paços do Concelho, para o novo cemitério da SCMB. Os edifícios vacantes, incluindo a igreja, foram integrados, por acordo comum aos edifícios camarários, tendo sido a igreja dessacralizada em 1846.

Da igreja velha, demolida em 1869, encontram-se ainda vestígios do seu cruzeiro, após as demolições e reconstrução a sua fachada e o interior permitiu a ampliação dos Paços do Concelho, funcionado, atualmente, como Salão Nobre da Câmara.

O novo edifícioiii forma atualmente um grande imóvel, formado por três corpos, ligados num alinhamento único a igreja encontra se ao centro do edifício, ligando ao Asilo de Idosos que fica à esquerda, com o Hospital à direita, formando com a sua cerca murada todo esse lado do campo.

Nas novas instalações, o espaço disponível foi aproveitado durante a segunda metade do século XIX para a construção, no topo norte, ou seja, lado esquerdo da Igreja, entre 1889 e 1890, do Asilo de Inválidos, que concretizou a intenção manifestada pela irmandade ao constituir o Fundo dos Entrevados, em 1818. Nos inícios do século XX, em 1909, procedeu-se à ampliação do número de enfermarias do Hospital.

Da sua antiga forma atualmente pouco resta, mesmo a Igreja é já bastante diferente da inicial, já que sofreu alterações nos meados do século XVIII, e o seu interior sofreu um incêndio nos finais do século XIXiv. Do claustro do convento e da conformação geral do primeiro piso, daquilo que era o convento, pouco ou nada resta.

O ultimo cuidado dispensado nesta área foi efetuado em 1994 devido à necessidade urgente de cuidar alguns aspetos que vinham a ser notados. A intervenção foi efetuada na área geral dos tetos, soalhos e paredes afim de adaptar o edifício às novas tecnologias, caso da rede elétrica e de som. Conforme hoje se apresenta, o templo responde perfeitamente às imensas solicitações e ofícios que o ilustram como um dos mais solicitados pela comunidade barcelense. Mais recentemente o espaço de acesso à Igreja foi também alvo de cuidada atenção e a iluminação exterior foi atualizada.

Para mais informações sobre a Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos pode adquirir a brochura nos Serviços Centrais.

As capelas mortuárias, construídas em 1996, vieram responder à preocupação dos serviços funerários e que hoje se apresentam como uma grande mais valia, já que dispõe de duas amplas capelas, que permitem mais privacidade e conforto.

Sob o governo do Provedor, Dr. Mário Miguel de Gândara Norton, durante os anos 50 do século XX, iniciou-se a construção do designado Bairro da Misericórdia, num total de 100 casas de diferentes tipologias de habitações sociais.

O grande bloco hospitalarv, atualmente nas traseiras do edifico da SCMB, concluído em 1970, a remodelação das antigas instalações e dos diversos serviços clínicos, permitiu ao Hospital passar à categoria de Hospital Distrital.

Com o 25 de Abril e as mudanças que se instalaram no país, a SCMB sofreu como todas as instituições congéneres, as tentativas de nacionalização do seu Hospita, ordenada por decreto de lei 704/74 de 7 de Dezembro, a SCMB foi obrigada a ceder ao Estado a exploração gratuita deste estabelecimento, situação que foi alterada em 1980, através de decreto de lei 14/80 de 26 de Fevereiro, que impôs o arrendamento do edifício Hospitalar ao Estado e o pagamento de uma indemnização por todo o recheio do edifício.

Reduzida ao Asilo de Inválidos a SCMB prosseguiu, após um decénio de confusão e indecisão, com novos projetos, principalmente na assistência e valência de infância e o apoio aos idosos. Assim entre 1985 e 1986 inaugurou o Infantário Rainha Santa Isabel e o Lar Rainha Dona Leonor.

Posteriormente, tem continuado a desenvolver uma grande rede de apoios à sociedade barcelense com a construção de várias infraestruturas de apoio, entre 1987 até 2003 foram inaugurados ou remodelados e reabertos: o Lar Nossa Senhora da Misericórdia, o Lar de Santo André, o Centro Social de Silveiros, o Centro Infantil de Barcelos, a Creche As Formiguinhas e por fim uma Clínica de Medicina Física e de Reabilitação. Abriu, ainda em 2012, uma Cantina Social para apoio a população desfavorecida, decorrendo neste momento também a construção da Unidade de Cuidados Continuados Integrados de Santo António.


i FREITAS, Eugénio da Andrea da Cunha e, LACERDA, Maria da Conceição Cardoso Pereira de, Santa Casa da Misericórdia (Edifico Primitivo) in Barcelos Histórico Monumental e Artístico, Braga, A.P.P.A.C.D.M. Distrital de Braga, 1998

ii ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de Barcelos Editorial Presença, Lisboa, 1990, pág.20

iii FREITAS, Eugénio da Andrea da Cunha e, LACERDA, Maria da Conceição Cardoso Pereira de, Santa Casa da Misericórdia (Atual Edifico) in Barcelos Histórico Monumental e Artístico, Braga, A.P.P.A.C.D.M. Distrital de Braga, 1998 pág.61

iv FERRAZ, António Miguel da Costa Almeida, Apontamentos para a História de Barcelos, Barcelos: Santa Casa da Misericórdia de Barcelos, 2013 pág.373

v FREITAS, Eugénio da Andrea da Cunha e, LACERDA, Maria da Conceição Cardoso Pereira de, Santa Casa da Misericórdia (Atual Edifico) in Barcelos Histórico Monumental e Artístico, Braga, A.P.P.A.C.D.M. Distrital de Braga, 1998 pág.67

Património Móvel

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Fruto da sua atividade diária, que se tem consubstanciado ao longo de séculos na prática das catorze obras de misericórdia, a SCMB reuniu um importante e singular acervo artístico. Também resultado de doações e legados vieram à posse da Misericórdia valiosas peças de arte e testemunhos iconográficos que importa conhecer e preservar.

O espólio artístico acumulado durante séculos, obrigou a Misericórdia a uma permanente e cuidada atenção às inúmeras obras que ornamentam as suas paredes, caso dos retratos dos seus benfeitores, assim como as pianhas, estantes e outros móveis onde permanecem imagens valiosíssimas.

O conjunto do património móvel da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos é composto por exemplares de arte religiosa, tais como paramentos e outros têxteis, várias peças de ourivesaria (cálices, patenas, resplendores, custódias), talha (castiçais e tocheiros), pintura religiosa, escultura e equipamentos. Fora do âmbito religioso, destaca-se a coleção de retratos de vários benfeitores da Misericórdia. Sendo uma coleção bastante extensa no seu número, e de valor artístico muito variável, vale principalmente pela história que nos lega e pelas memórias que preserva e projeta para o futuro.

Estas peças estão devidamente catalogadas. Fruto de um trabalho da UMP, que as incluiu no rol das obras com importância para a história do movimento. Além de existir um inventário em suporte de papel com todo o levantamento do património artístico, que percorre tanto os muitos quadros que decorram as nossas paredes, passando pela ourivesaria e outros trabalhos em metais preciosos, paramentos religiosos e demais imagens existentes.

A SCMB dispõe de uma unidade museológica que alberga todo o acervo artístico. Pretende criar, a curto prazo, um percurso interpretativo das peças e dos espaços de visita.