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Misericórdia de Barcelos aposta em dar “testemunho de Cultura”

Instituição barcelense coedita e apresenta obra do investigador António Ferreira Afonso

“Para a Irmandade da Misericórdia de Barcelos, que desde há 525 anos procura, ao longo do tempo e de acordo com as circunstâncias, cumprir da melhor forma possível as Obras de Misericórdia, é também importante continuarmos a ensinar, continuarmos a dar um testemunho de Cultura”. Quem o disse foi Nuno Reis, provedor da Santa Casa de Barcelos, esta sexta-feira, na apresentação pública do livro “Camilo e o último enforcado em Braga: O Demónio do Ouro”, da autoria de António Ferreira Afonso, coeditado pela Misericórdia de Barcelos, pela Misericórdia de Braga e pelo Município da Póvoa de Lanhoso.

Na sua intervenção, Nuno Reis enalteceu o trabalho do investigador António Ferreira Afonso e apreciou a obra, pelo valor histórico, literário e humano. “Não só porque se trata de uma obra que per si tem uma qualidade que todos iremos poder comprovar, mas também porque surge de alguém cujo trajeto de vida, cuja experiência, cujo testemunho prático do dia-a-dia é o testemunho de um grande irmão, de alguém que devota muito do que é a sua vida a cuidar de assuntos relevantes para toda a nossa comunidade”, explicou o provedor.

O livro “Camilo e o último enforcado em Braga: O Demónio do Ouro” foi apresentado pelo padre António Júlio Trigueiros, SJ, historiador barcelense, que destacou, desde logo, que “esta obra acaba por levar a zonas, seja da História de Barcelos, seja da História nacional, seja das próprias Santas Casas, que se calhar muitas vezes não parámos para refletir sobre elas”. Nesse sentido, sem desvendar muito, na sua intervenção, António Júlio Trigueiros deu conta de algumas linhas que entende mais relevantes, focou-se numa das Obras de Misericórdia – sepultar os mortos –, “que é a Obra de Misericórdia que é tratada neste livro”, e olhou-a precisamente à luz dos tempos atuais. O historiador apontou, ainda, pistas para o futuro: “A leitura desta obra leva sempre a que se perceba que está aqui mostrada a pontinha de um iceberg. Há muita coisa que esta obra vem desvelar e que nos permitirá continuar a estudar, particularmente aquilo que diz respeito ao modo como Camilo Castelo Branco utilizou figuras históricas que existiram e as romanceou, fantasiou-as. Mas é muito interessante ver que há sempre um fundo verdade nas obras de Camilo”.

“Camilo e o último enforcado em Braga: O Demónio do Ouro” é resultado do estudo e investigação de António Ferreira Afonso, que folheou documentos, cruzou dados e factos da História com a obra camiliana, permitindo, assim, perceber um pouco melhor o processo criativo de “O Demónio do Ouro”. O investigador destacou, igualmente, a importância de um manuscrito, de José Joaquim Ferreira de Mello e Andrade, que usou como referência: “Tenho conhecimento de um manuscrito que tinha sido enviado a Camilo ou que Camilo tinha usado, intitulado “A Herança de Londres”. […] Acedi a esse manuscrito e foi para mim uma surpresa quando verifiquei que nos outros manuscritos, mais concretamente na descrição, encontramos muito do que é narrado, sobretudo no segundo volume do Romance “O Demónio do Ouro”, publicado em 1873”.

A apresentação de “Camilo e o último enforcado em Braga: O Demónio do Ouro”, da autoria de António Ferreira Afonso, foi precedida de uma atuação musical da Tuna da Barcelos Sénior, que muito foi apreciada pelos presentes – colaboradores da SCMB, instituições e entidades parceiras, membro da Irmandade e dos órgãos sociais, familiares do autor e restante comunidade –, que lotaram o auditório.

Apresentação_ “Camilo e o último enforcado em Braga- O Demónio do Ouro”_ 12-04-2024_ 01


SCM Barcelos, 13-04-2024

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