Natural da freguesia de Cedofeita, Porto, Mário Miguel da Gândara Norton, nascido a 4 de junho de 1912, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, cidade onde viria a falecer no ano de 1991. Foi casado com Maria Judith de Lemos Quadros Simões Norton e teve dois filhos: Maria Teresa de Quadros Simões Norton e João Pedro de Quadros Simões Norton.
No ano de 1944 publica uma obra que ainda hoje pode ser consultada online: Biblioteca Digital do Cávado: Abono de família : explicado e comentado : atividades particulares e funcionalismo público : leis, regulamentos, despachos com índice remissivo
Destacou-se como 1.º Secretário do Governador da Província de Luanda em Angola, Conservador Registo Civil, foi ainda Presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos entre finais da década de 50 e inícios da década de 60 do século XX, terminando a sua carreira como Provedor dos Hospitais da Universidade Coimbra.
Fez parte, em 1954, da Comissão de Honra do “Nobre Monumento ao Bombeiro Voluntário” constituída pelos seguintes membros: Dom António Bento Martins Júnior, Arcebispo Primaz de Braga, Major Armando Nery Teixeira, Governador Civil de Braga, Dr. Mário Miguel Gândara Norton, Presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Dr. Manuel Batista de Lima Torres, Presidente da Direção dos Bombeiros Voluntários de Barcelos, Miguel Gomes de Miranda, Presidente da Direção dos Bombeiros Voluntários de Barcelinhos, Delfim da Silva Fernandes Vinagre, João Duarte Veloso e Joaquim Correia de Azevedo[1].
Sob o governo do Provedor, Dr. Mário Miguel de Gândara Norton, durante os anos 50 do século XX, iniciou-se a construção do designado Bairro da Misericórdia, num total de 100 casas de diferentes tipologias de habitações sociais.
Foi precisamente no ano de 1956 que o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos, Dr. Mário Miguel Gândara Norton, que fora presidente da Câmara Municipal, solicita a comparticipação do Estado para a construção de 50 fogos em terreno pertencente à instituição - apelando à sua experiência prévia como garante de uma “rendosa aplicação para capital da Misericórdia” e, simultaneamente, de:
“Obra social de grande alcance e cuja necessidade muito se faz sentir na localidade”.
A Direção de Urbanização do Distrito de Braga, a quem o estudo de implantação foi apresentado para apreciação, considerou que o terreno se encontrava “admiravelmente situado” numa zona de expansão já prevista no anteplano de urbanização então em estudo. A sua comparticipação foi incluída no plano de comparticipações de 1958. Neste mesmo ano, o Gabinete de Estudos de Habitação da Direção-Geral dos Serviços de Urbanização elaborou o projeto com a intervenção da Santa Casa da Misericórdia, que intercedeu para que os fogos se organizassem em blocos de dois pisos e as habitações, “embora modestas, [tivessem] uma feição mais agradável do que o atual bairro da Câmara”.
Os trabalhos de construção do conjunto habitacional iniciaram-se em julho de 1959. Entre outubro de 1958 e agosto de 1960, a comparticipação da obra foi várias vezes reforçada e, em abril de 1961, deram-se por concluídos os trabalhos. Os trabalhos de urbanização do bairro prosseguiram até ao ano seguinte.
Passados cinco anos, em 1966, a Santa Casa da Misericórdia de Barcelos voltou a pedir a comparticipação do Estado para a construção de 52 fogos no mesmo conjunto, assim como apoio técnico para a elaboração do projeto. Os trabalhos foram iniciados em outubro de 1968 e concluídos em 1971[2].
Com esta grande iniciativa, podemos verificar que, dentro do vasto leque das suas atribuições assistenciais, a Santa Casa da Misericórdia de Barcelos, na pessoa dos seus diversos provedores, nomeadamente, do Dr. Mário Norton, preocupou-se também com o direito à habitação como direito básico para uma vida digna de cada cidadão e que hoje é um tema que volta a estar na ordem do dia, das diversas agendas políticas, especialmente da construção de habitação social.
[1] FONTE: Carlos Gomes, https://bloguedominho.blogs.sapo.pt/barcelos-estatua-ao-bombeiro-faz-hoje-29252432
[2] FONTE: https://arquitecturaaqui.eu/es/edificios-y-conjuntos/61128/bairro-da-misericordia-barcelos
[Texto: Alexandra Vidal]
SCM Barcelos, 03 OUTUBRO 2025