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Miguel Gomes de Miranda

Natural da freguesia de Silveiros, destacou-se como uma figura proeminente em Barcelos, ao contribuir significativamente para o progresso e o apoio social, no início do século XX.

Miguel Gomes de Miranda era natural de Silveiros e destacou-se como uma figura proeminente em Barcelos, conhecido por ter sido Presidente da Câmara Municipal de Barcelos e, durante muitos anos, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos, contribuindo para a sua história e desenvolvimento. 

A sua liderança na Câmara Municipal e na Santa Casa da Misericórdia indica um papel de destaque na comunidade de Barcelos durante o período em que viveu e exerceu as suas funções.

Na sua vida pública e social, nomeadamente como Presidente da Câmara Municipal, podemos referir alguns pormenores como as obras no Cemitério Municipal e da Capela situada na Cerca da Misericórdia de Barcelos, em1936[1].

Beneficiou também outras instituições da localidade, como o Recolhimento do Menino de Deus:

 

Ninguém desconhece que, por intermedio do finado Sr. Francisco Machado Carmona, seu velho amigo, o Sr. Paulo Felisberto fazia distribuir, pela festa do Natal, aos pobres mais necessitados de Barcelos, uma importante quantia, distribuição que recomendava fosse feita o mais ocultamente possível, e por aqueles pobres que se reconhecessem mais necessitados, doentes, entrevados, velhos, etc. Essas esmolas foram sempre de 50 escudos a cada pobre. Falecido o seu procurador Sr. Francisco Carmona, o ilustre filho de Barcelos continuou, por intermedio do seu amigo e também nosso patrício Sr. Miguel Miranda, a mandar fazer essa distribuição de dinheiro pelos pobres[2].

 

O seu legado foi reconhecido com o descerramento de uma placa na Rua Miguel Gomes de Miranda, um reconhecimento toponímico que sublinha a sua importância para a comunidade de Barcelos. Foi ainda honrado com o título de "Benemérito de Barcelinhos", uma das freguesias do concelho de Barcelos.

 

Muito deve a Franqueira ao Grupo Alcaides de Faria e aos Administradores do Concelho, Senhores Miguel Gomes de Miranda e Conde de Vilas Boas sendo que, no mandato do Dr. José da Graça Faria, a Confraria tomou o atual incremento religioso e com o apoio imprescindível das populações circunvizinhas do Monte da Franqueira[3].

 

Miguel Gomes de Miranda foi uma personalidade influente que utilizou a sua posição, tanto na política como na gestão da Misericórdia, para promover o progresso e o apoio social em Barcelos, no início do século XX.

Da sua atividade como Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos, especialmente entre 1935 e 1953, em que é referido como Presidente da Comissão Administrativa, as atas da Mesa revelam-nos o seguinte:

- em 1939, cria uma subscrição para angariar donativos para uma nova sala de operações do hospital, que atingiu o valor de 14$000, oferecendo ele próprio um armário e um frigorífico;

- em 1940, centra-se nas obras do albergue noturno, sobretudo na melhoria das suas condições de higiene e conforto.

 

Destaca-se uma longa missão centrada no controlo orçamental e na manutenção do funcionamento de todas as valências então existentes. Por isso, na Ata de 15 de junho de 1941, a Mesa regista esta menção honrosa:

 

É imperioso dever promover que ao mesmo senhor seja prestada, embora modesta, sincera homenagem de agradecimento que se consigne nesta ata e que se coloque no salão nobre desta Misericórdia o seu retrato, procurando-se dar solenidade que merece.

 

E efetivamente, ainda hoje o seu retrato se encontra na Sala da Mesa do nosso Núcleo Museológico e que nesta quadra natalícia convidamos a visitar, juntamente com o nosso presépio, já exposto na entrada da Igreja da Misericórdia.

 

Dizíamos há pouco que a sociedade ia perdendo alguns dos seus mais ilustres representantes e é verdade] .. . Como larga e pormenorizadamente a imprensa dessa cidade noticiou, desapareceu, para sempre, a figura prestigiosa do Senhor. Comendador Miguel Gomes de Miranda, filho querido de Silveiros e um dos grandes na nossa cidade do Cávado. 0 saudoso extinto, nunca se esquecendo da terra que lhe foi berço, ainda há pouco mais dum ano, quando a Matriz desta localidade beneficiou de grandes melhoramentos, chamou a si o encargo de mandar dourar e pintar o interior das capelas laterais bem como os respetivos altares das mesmas, do templo em referência; cujas despesas foram por ele totalmente suportadas, e, ainda, contribuía com a sua cota-parte para as restantes obras em que se gastaram bastantes dezenas de milhares de escudos. Apesar de tudo, o Senhor Comendador Miguel Miranda quis, antes da sua morte, atribuir a Silveiros a avultada quantia de 30.000$00 que se destina, juntamente com os 100.000$00 legados pelo sempre chorado Padre José Pedro da Silva Rodrigues, à criação da «Casa dos Pobres de Silveiros» prestante instituição de assistência que, cremos, seja uma realidade dentro de poucos anos.

Jornal de Barcelos, 27 de agosto de 1953[4]

 

[1] FONTE: Notícias de Barcelos de 16 de julho de 1936, https://aqualibri.cimcavado.pt/bitstream/20.500.12940/10261/1/Noticias%20de%20Barcelos_0211_1936-07-16.pdf

[2] FONTE: Notícias de Barcelos, 13 de janeiro de 1938

https://aqualibri.cimcavado.pt/bitstream/20.500.12940/10354/1/Noticias%20de%20Barcelos_0288_1938-01-13.pdf

[3] FONTE https://www.franqueira.pt/confraria

[4] FONTE: https://aqualibri.cimcavado.pt/bitstream/20.500.12940/13821/1/Jornal%20de%20Barcelos_0182_1953-08-27.pdf

 

[Texto: Alexandra Vidal]

SCM Barcelos, 04 DEZEMBRO 2025