MENSAGEM DO PROVEDOR
Em cinco séculos, muita coisa mudou no País. Dos tempos dos Descobrimentos portugueses até aqui, mudaram regimes políticos e sistemas de governo. Mudou a base económica de um País, mudou o papel de Portugal no Mundo.
Em cinco séculos, mudou a forma de se tratar doentes, de se prevenir a doença, de se proteger a saúde, de se intervir socialmente.
Nos tempos da “Confraria da Misericórdia de Barcelos”, os cuidados de saúde eram ainda rudimentares e os voluntários da Instituição procuravam sobretudo tratar o Espírito, mais do que o Corpo, também por se acreditar estar aí a raiz principal dos problemas.
Volvidos cinco séculos, a Medicina passou a ser mais holística e a olhar o doente como Pessoa, num todo que é indissociável de cada uma das partes. O “estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”, mais do que um mero conceito, passou a ser uma meta a ser alcançada.
Mas, se muita coisa mudou em cinco séculos, há um referencial que não se deve nunca perder, sob pena de se abdicar da verdadeira essência de uma Instituição.
A Missão que, nos finais do Séc. XV, levou à criação de Confrarias ou Irmandades de Misericórdia passava por “Cumprir as Obras de Misericórdia”. E foi precisamente esse o propósito com que os Irmãos empossados se apresentaram, como Voluntários, a esta nova fase de vida institucional.
Fazer do lema de uma Equipa o fio condutor de toda uma Instituição, assumindo as Obras de Misericórdia como centralidade estratégica e, para cada uma das sete Obras Corporais e das sete Obras Espirituais, desenhar e implementar medidas de ação que lhes deem cumprimento é o desafio que temos pela frente.
Um repto que deve merecer de todos, utentes, colaboradores, voluntários, beneméritos, Irmãos, uma reflexão sobre o momento atual e os desafios que se nos colocam enquanto Instituição.
Quem fomos, quem somos, quem queremos vir a ser. Em que áreas de atuação estivemos, em que áreas estamos, em que áreas teremos que estar por força das vicissitudes futuras.
Será por isso fundamental que da Infância à Terceira Idade, passando pela Saúde, pelo Culto, pela Cultura, pela Ação Social, pela Formação, tracemos estratégias sustentáveis e que nos permitam, no século XXI, intervir e prestar Serviço ao Próximo da forma mais adequada e não apenas porque sempre se fez assim ou porque algures no passado resultou.
A reflexão coletiva tem que ser feita com o “barco a navegar” e sempre com o foco na Pessoa, o primeiro fundamento deste Projeto.