Os estudos mais recentes estimam que, em 2050, Portugal terá 350 mil pessoas com demência. Face a esta previsão, “é muito importante conhecermos os sintomas, tratamentos, mas, sobretudo, formas de prevenir a demência”, conforme atentou Sofia Miranda, psicóloga da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos, numa sessão que reuniu utentes, cuidadores e comunidade, sexta-feira, no Lar Nossa Senhora da Misericórdia.
Sob o mote “Vamos falar sobre a demência?”, refletiu-se sobre a demência – sendo a Doença de Alzheimer a mais frequente –, abordando a importância de se estar atento a sinais e sintomas, bem como a importância de um diagnóstico precoce para retardar a progressão da doença. “Não podemos associar a demência só às pessoas mais velhas. Há pessoas que tiveram diagnósticos bem antes dos 65 anos, não é só às pessoas mais velhas que acontece”, alertou a psicóloga, acrescentando que, “para haver demência tem de […] existir evidência de que há um declínio cognitivo”. E “cada demência altera o cérebro de forma mais peculiar, podendo, por exemplo, nuns casos, afetar mais a memória, noutros casos, a linguagem”.
No final, ficou uma mensagem para famílias e cuidadores: “Acompanhar a consultas, promover a autonomia, estimular, tentar orientar, tudo é muito importante, mas o que é mais importante é o carinho, o afeto, a empatia. A emoção não se perde. Ela muitas vezes fica dificultada, não é expressa da melhor forma, mas está provado que a capacidade de sentir afeto é preservada”.
“Porções de Afeto”
A reflexão sobre a demência aconteceu a pretexto da apresentação do livro "Porções de Afeto"- Histórias de Alguém com Demência, de Marlene Novais. Na obra, a jovem tirsense, de 20 anos, apresenta um caso que acompanha de perto, o do avô, diagnosticado com demência há 12 anos.
“Encontro-me no penúltimo ano da Licenciatura em Serviço Social no Instituto Superior de Serviço Social do Porto e sem dúvida alguma que a minha área de preferência é a do envelhecimento, com referência à Demência, explicou a jovem escritora. O livro "Porções de Afeto"- Histórias de Alguém com Demência surge, assim, aliando o tema à escrita, de que tanto gosta, “para chamar a atenção, porque, quer em hospitais, quer em instituições, vi muitas coisas más e ideias erradas perante as pessoas que têm demência”.
Na sessão, Marlene Novais apresentou a sua experiência pessoal e familiar na forma de lidar com a demência e retardar o seu agravamento.
SCM Barcelos, 05-07-2023