“Um idoso que cuidavam há 10 anos não é o mesmo idoso que temos agora”
Dezasseis pessoas concluíram, esta terça-feira, a Formação “Cuidados à Pessoa Idosa Institucionalizada”. Ao longo de várias sessões, os conteúdos abordados incidiram sobre a psicologia do envelhecimento, nutrição e alimentação, cuidados (com postura e mobilidade, visão e audição, incontinência, etc.), prevenção de quedas, atividade e terapia ocupacional, entre outros assuntos. “Num primeiro momento, na parte teórica, falámos, acima de tudo, do envelhecimento, para as formandas perceberem o que é que está associado ao envelhecimento, as limitações e, depois, para fazerem esta ligação com a parte prática”, explicou a formadora, Sara Ferreira, dando conta da pertinência e importância dos assuntos e problemáticas tratados: “Falámos, primeiro, da higienização das mãos, porque é muito importante perceberem como é que as mãos são um veículo de transmissão tão importante. Falaram também da higiene oral, que às vezes é esquecida […], dos equipamentos de proteção e, depois, aqueles procedimentos mais práticos, como as transferências, os cuidados de higiene, posicionamentos e, em última instância, os primeiros socorros”.
“É essencial saber atuar e saber atuar em consciência, por isso, ao fazerem esta formação recebem os componentes necessários para atuarem sem terem dúvidas. Muitas das vezes elas deparam-se com determinadas situações e não sabem como atuar porque falta aqui um pequeno conhecimento, então ficam em dúvida e preferem não fazer do que fazer erradamente”, atentou Sara Ferreira. Mas, além de saber fazer e como atuar em determinadas situações, as formandas demonstraram interesse em perceber o porquê das práticas e procedimentos. “Muitas vezes fazem por mímica, replicam aquilo que já viram outras fazer e elas foram questionando muito o porquê, por que é que se faz desta forma, por que é que se coloca aqui e não num outro local uma almofada, por exemplo”, observou a formadora.
Alexandra Pontes trabalha como ajudante de lar, no Lar Rainha Dona Leonor, há cinco anos, e reconhece a mais-valia da formação: “Para mim, foi importante, porque havia técnicas que eu não sabia e não tinha esta formação. Acredito que é uma vantagem e estamos sempre a aprender”. Além de adquirir novos conhecimentos e competências, a formação permitiu atualizar conhecimentos, até porque, como atentou a formadora, com o passar dos anos, as necessidades das pessoas idosas vão mudando: “Um idoso que cuidavam há 10 anos não é o mesmo idoso que temos agora. Têm necessidades diferentes, por isso, as dúvidas vão surgir e, se calhar, amanhã surgem novos equipamentos. Basta pensar nas proteções com pele de borrego, que se utilizavam há 10 anos, e agora utilizamos com gel, porque são melhores para regular a temperatura”.
Angelina Rei é animadora sociocultural no Lar Nossa Senhora da Misericórdia. Apesar de não atuar nos cuidados diretos aos utentes, entende esta formação como uma mais-valia “a nível pessoal e mesmo em contexto de lar, pontualmente, sempre que necessário”. A colaboradora da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos (SCMB) destaca ainda a partilha de práticas e experiências entre as participantes: “É importante, sim. Ainda agora houve uma situação de uma almofada em que umas posicionam de uma forma e estivemos a tirar dúvidas sobre a melhor posição da almofada”. Alexandra Pontes corrobora: “Umas têm uma técnica de trabalhar, outras têm outra e estamos a ver os erros que estamos a cometer e a aprender para melhorar”. “E a formadora também nos tira as dúvidas, se estamos a fazer bem, se estamos a fazer mal, porque há coisas que a gente aprendeu há unos, que agora estão sempre a mudar, novas técnicas ou práticas diferentes”, completa a colaboradora da Misericórdia de Barcelos.
A turma – composta sobretudo por colaboradoras da SCMB que atuam nos cuidados às pessoas idosas, mas também formandas externas – era “interessada” e “a partilha foi muito interessante também”, destaca a formadora, Sara Ferreira. “Também trabalho na área, sou enfermeira, e vou aprendendo um bocadinho com elas, porque todas nós vivemos situações diferentes e temos que nos adaptar àquilo que aparece”, remata.
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A Formação “Cuidados à Pessoa Idosa Institucionalizada”, promovida pela Academia de Formação da SCMB, em parceria com o Centro de Competências e Envelhecimento Ativo (CCEA), decorreu com o objetivo principal de “capacitar colaboradores ativos das estruturas residenciais para pessoas idosas e equipamentos sociais similares, com competências técnicas e psicossociais para que estes possam oferecer cuidados e serviços de alta qualidade, que permitam melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas”.
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