Entre prosa e poesia, pintura e música, decorreu – na tarde deste sábado, na Misericórdia de Barcelos – a cerimónia de encerramento da Exposição "Memografismo da Imagem e da Palavra" de Moita Macedo (1930 – 1983).
Desde 14 de dezembro, ao longo de 15 semanas, foi possível dar a conhecer “muito mais de alguém que é um artista incontornável do nosso panorama português”, destacou, no final, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos (SCMB). Nuno Reis completou, logo depois, atentando em características e traços identitários de Moita Macedo: “Ficou muito claro o cariz de um, à sua maneira, combatente pela liberdade, quando ouvimos a declamação do “Poema da Terra dos Homens Curvados”, de um homem que é também marcado por aquilo que foi a sua vivência com o avô, médico, antigo governador civil, daquilo que foi também um homem que lutou muito por utopias, e que conseguimos percecionar na sua obra pelos vários Dom Quixotes que encontramos nesta exposição. É uma obra que tem também essa contradição, de certa forma, mas que não o é, de alguém muito católico, mas ao mesmo tempo com um pensamento comunista”.
Cores intensas, criações sobretudo abstratas, recurso a materiais e suportes diversos são algumas das características, de uma obra onde se destacam anjos, Cristos, caravelas, mas igualmente criações abstratas, outras representações e temáticas.
“Para uma organização como a SCMB, em que procuramos, desde a mais tenra idade até à morte, acompanhar a pessoa em todo o seu ciclo de vida, encontramos também muitos destes Cristos que vimos aqui pintados, essa necessidade de olhar para o sofrimento, de não passar ao lado do sofrimento do outro, de reconhecer a necessidade de um apoio àqueles que mais sofrem”, observou Nuno Reis, atentando ainda que se tratou de uma exposição que deu “a conhecer outros mundos, outras paragens, através das caravelas, um elemento muito presente na pintura de Moita Macedo”.
Este sábado, após uma visita guiada, decorreu a cerimónia de encerramento, com recitação de poesia e breves excertos sobre o artista, motivando os presentes para a “descoberta da criatividade deste pintor e deste poeta”. “Se de mim/ Só ficar o poema/ Mesmo assim –// – valeu a pena”, foram algumas das palavras escutadas nas vozes de Alexandra Côrte-Real, Cláudia Faria e Manuela Dantas. No final da sessão, decorreu um Concerto de Quaresma, levado a cabo pela Academia de Música de Viatodos. “Foi um privilégio assistir a um concerto com a categoria deste. A vossa atuação fica-nos na memória pela qualidade com que se apresentaram”, elogiou, no final, o provedor da SCMB, Nuno Reis, perante os músicos e a comunidade que encheu a Igreja da Misericórdia.
Projeto “Moita Macedo ao olhar de… crianças e jovens”
A exposição “Memografismo da Imagem e da Palavra” reuniu obras – pintura e poemas – de Moita Macedo (1930-1983), e foi visitada por muitos apreciadores do artista e outras pessoas interessadas. No livro de visitas, os visitantes partilharam, a título de exemplo, o contentamento pela “visita agradável”, “as histórias registadas e contadas”, o “prazer de visitar esta bela exposição”, bem como o “interesse que suscitou nas nossas crianças”.
Entre os visitantes, estiveram cerca de 200 crianças do pré-escolar da SCMB, mas também estudantes do 10.º ano de Artes Visuais da Escola Secundária Alcaides de Faria. “Os professores, na retaguarda, antes da visita, fizeram a recolha de elementos, que trabalharam com os alunos na escola e vieram ver a exposição. Depois, voltaram à escola e fizeram desenhos e pinturas com duas temáticas muito queridas de Moita Macedo: as caravelas e os Cristos”, explicou Filomena Lima Torres. A propósito do interesse gerado, a voluntária da SCMB, na área da Cultura, contou que “os encarregados de educação começaram a perguntar às educadoras quem era Moita Macedo, porque as crianças falavam do artista em casa”. “Moita Macedo andou de boca em boca, de casa em casa, por iniciativa dos mais pequenos”, sublinhou Filomena Lima Torres.
Em breve, a partir de 16 de abril, os trabalhos realizados pelas crianças e jovens serão expostos na SCMB, dando a conhecer Moita Macedo e a sua obra pelo olhar das novas gerações.
Celebrações rumo à Páscoa na SCMB
“Não estamos parados, não estamos a chegar a um ponto, estamos sempre a partir para outro”, disse Nuno Reis, no final da sua intervenção, lançando o mote para a área do Culto, concretamente as celebrações Quaresmais e da Páscoa, que decorrerão na Igreja da Misericórdia, para os utentes da SCMB e para a comunidade.
No próximo domingo, dia 13, decorrerá a celebração do Domingo de Ramos (10h); na Quinta-feira Santa, dia 17, a cerimónia do Lava-Pés e Ceia do Senhor (15h30) e ainda um momento de Contemplação e Adoração (21h); na Sexta-feira Santa, dia 18, a celebração da Paixão do Senhor (14h30); e, no domingo de Páscoa, dia 20, a Missa de Páscoa (10h).
SCM Barcelos, 05-04-2025