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Misericórdia de Barcelos acolhe cinco pessoas abandonadas em hospitais

Medidas de combate à pandemia permitem dar resposta residencial a pessoas idosas, sem enquadramento familiar

No total, são cinco. Cinco utentes do Serviço Nacional de Saúde acolhidos pela Santa Casa da Misericórdia de Barcelos. Trata-se de pessoas sem enquadramento familiar, que aguardavam, em ambiente hospitalar, que surgisse vaga em estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI). Perante as suas possibilidades, a Santa Casa de Barcelos recebeu-as, com a esperança de que, com isso, as camas libertadas no Hospital de Santo António e no Hospital de Braga ajudem também a salvar vidas.

 

Rui tem 71 anos. Chegou ao serviço de urgência do Hospital de Braga, a 12 de dezembro último, levado pelos Bombeiros. Não se sabe por que motivo nem quem acionou os Bombeiros. Não apresentava, à data de internamento, critérios clínicos que o justificassem. Rui é autónomo, mas tem um discurso pouco orientado e suspeitas de síndrome de Parkinson. Não se lhe conhece família e, ao que tudo indica, não terá condições no domicílio.

Rui e Amaro ingressaram no Lar Nossa Senhora da Misericórdia, Honorato foi acolhido no Lar Rainha Dona Leonor. Cumprem, neste momento, o período de isolamento, para depois serem integrados com os restantes residentes nas ERPI. Estes três utentes chegaram ontem, provenientes do Hospital de Braga e foram acolhidos pela Santa Casa da Misericórdia de Barcelos, face a um apelo com caráter de urgência. O objetivo parece simples: ajudar a libertar camas do Serviço Nacional de Saúde, para ajudar a responder à pandemia. Perante as suas possibilidades, a Santa Casa de Barcelos respondeu de forma positiva e recebeu-os, com a esperança de que, com isso, as camas libertadas nos hospitais ajudem também a salvar vidas.

Já no final de 2020, nas primeiras semanas de dezembro, a instituição tinha acolhido dois outros utentes.

Por falta de enquadramento familiar, Júlia estava no serviço de Medicina do Centro Hospitalar e Universitário do Porto – Hospital de Santo António. Natural de Barcelos, cedo partiu para o Porto, para ganhar a vida. Emigrou, depois, para Angola, de onde voltou mais tarde, retornada. A vida não lhe sorriu. Vivia numa ilha social, na cidade do Porto, e, apesar falta de enquadramento familiar, nenhum lar a acolheu.

Regressou agora à cidade onde nasceu. A Misericórdia de Barcelos abriu-lhe as portas do lar do Centro Social Comendadora Maria Eva Nunes Corrêa, em Silveiros, onde vive desde 16 de dezembro. “Estou bem, gosto de cá estar”, diz. É de poucas palavras. Adivinhamos-lhe o sorriso por detrás da máscara. Júlia tem 90 anos, é solteira e não tem filhos. “Aqui, sinto-me bem cuidada, fazem o melhor que podem”, completa.

Também Eduardo foi acolhido no Lar de Santo André (LSA). Tem 83 anos e estava, desde julho de 2019, deixado na unidade hospital portuense. Está integrado no LSA e criou boa empatia, quer com os colaboradores, quer com os restantes residentes.

 

A Santa Casa de Barcelos recebeu estas cinco pessoas, pois, independentemente das dificuldades com que é confrontada, não pode passar ao lado daquilo que é a maior crise de saúde pública dos últimos 100 anos e não pode deixar de estar aberta a ajudar quem mais precisa.

 


SCM Barcelos, 02-02-2021

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